Thursday, 25 November 2010

Goodbye Indochina !!

Alguns meses se passaram e nesses últimos dias já me sentia um local, um estrangeiro local, por melhor dizer. Explico, por mais enraizado que estejamos na cultura desses países asiáticos, se não possuímos as características físicas e modos orientais , seremos para sempre "farang", estrangeiros.

Fui acostumado a pequenas doses nesse mundo velho, criei um formato geral das pessoas e seus hábitos, por mais parecidos que sejam entre as fronteiras de países pequenos, se notarmos com cuidado veremos quão diferente são as populações, mesmo entre Norte-Sul de um mesmo país vemos diferenças substanciais e interessantes.

Ser chamado de "farang man" pelas ruas da Thailandia me fazia dar risada, não pela palavra em si, mas pela malícia em que as mulheres locais se referem aos homens estrangeiros, aqueles que podem salva-las de um futuro pobre, simples e talvez leva-las para um mundo de riquezas e luxurias pela América ou Europa. Minha risada era honesta, não perniciosa ou julgadora, mas pela sensação de ser aliciado pelas ruas tanto por profissionais do sexo como por mulheres simples locais sempre deixou uma impressão calorosa, o contato humano que não se têm em outros lugares do mundo.

Sobre a culinária, ahh a culinária !! O despertar do paladar pelos mercados e ruas sujas foi algo do outro mundo, mesmo com a imundice ao redor, para olhos bem treinados não foi difícil achar o que era higiênico e saudável. A riqueza da mistura entre culinária oriental misturada com a ocidental devido as colônias do passado fazem você ter sonhos a noite, tachos imensos de sopa com ervas e pimentas me deixaram com água na boca, os molhos e condimentos que só se encontram nessa parte do mundo ficarão guardados no meu paladar para sempre.

Mas não são só flores, a rapidez em que os paraísos escondidos tem decaído através do turismo desenfreado me deixaram com um aperto no peito. As manchas de óleo deixadas pelos barcos que levam e trazem turistas de hora em hora tem danificado o azul turquesa e o verde pérola das águas desse mundo velho, as garrafas plásticas e outros objetos deixados para trás vem causando grande impacto negativo nas praias que eram idílicas até poucos anos atrás. E todos nós somos parte disso. Por mais consciente que eu e você sejamos, por mais que tenhamos cuidado com nosso lixo quando viajamos, ainda assim precisamos nos locomover, precisamos pisar naquele paraíso e ver com os próprios olhos e nesse ato deixamos mais que pegadas, fica também o toque da civilização, o que era antes nativo e perpétuo agora é caminho, trilha e facilidades como banheiro e bar à beira da praia.

Tem também as tragédias, tamanha beleza não vem de graça, muitos lugares daqui são magníficos por serem produto de vulcões ativos no meio do oceano, movimento de placas tectônicas   , tsunamis, tufões, vendavais, terremotos entre outros fenômenos naturais que modificam a paisagem através dos séculos. Nesse acaso vem o castigo da população que sofre à cada ocorrência, e se já não bastasse os fenômenos naturais tem também o histórico de guerras, instabilidade econômica e religiosa, a diversidade desses povos tem gerado tensão desde o início dos tempos e as fotos não são nem um pouco bonitas.

A maneira como parte da população mercante da região que chamamos de Indochina tenta tirar proveito do viajante ocidental também é algo à se notar. A idéia de que os ocidentais possuem mais riqueza e por esse motivo sóbrio somos obrigados a gastar o dobro do que é justo é degradante para a imagem de um povo batalhador, mas persiste e não acabará tão cedo. Mesmo sendo isso normal e esperado em países sub-desenvolvidos e de terceiro mundo, sempre acreditei serem os asiáticos mais cientes e razoáveis, mas da mesma forma que turistas tem se aproveitado dos prazeres e deixado sua marca, voltam para casa com uma sensação de terem sido enganados por diversas vezes.

Pensamento filosófico: Os ocidentais não enfrentam fila, se juntam todos e forçam sua vez em empurrões meio educados, isso vem da valorização do grupo ao invés do indivíduo. Aqui se tem o ditado de que o prego que se destaca será o primeiro à ser martelado, sendo assim todos procuram ser o mais parecido com o próximo possível, usam as mesmas roupas, fazem as mesmas coisas e procuram todos terem o mesmo nível intelectual, uma sociedade normalizada. Particularmente acredito que me lembra muito o comunismo, ditando regras silenciosas de comportamento, restringindo indivíduos de mostrarem seus talentos e se destacarem na multidão, diminuindo o passo do desenvolvimento social e perspectiva de idéias inovadoras.

Julgamentos à parte, minha experiência foi a mesma dos pioneiros de séculos passados, chegando na Ásia e sendo facilmente reconhecido como "farang man", tendo a barreira da comunicação mas o poder da mímica e expressão facial, a delícia da simplicidade ao andar descalço e comer com as mãos sentado no chão entre famílias locais, ser tratado como figura famosa pelas ruas onde "farang man" é mais alto e branco que todos os outros ao redor, tendo fotos tiradas e crianças puxando pelo braço ou tocando nossos rostos em curiosidade.

Isso tudo me trouxe paz, algo no espírito que vai me fazer refletir pro resto da minha vida, algo valioso que tem de ser degustado na hora certa, num período de transição e de crescimento pessoal, quando precisamos de tempo para pensar e decidir o que queremos realmente para nossas vidas no futuro, um ponto de balanço para medirmos o quanto de calma e stress podemos suportar e o quão valioso é o investimento de tempo livre e ocioso em determinada época de nossa vivência nessa terra de encantos e mistérios.

Adeus Indochina, vou me embora dessa terra com doce saudade, histórias para contar além mar e uma vontade de ficar que só é vencida pela saudade de minha terra natal.

Thursday, 11 November 2010

Privação do ser

A estrada para o sucesso às vezes percorre misteriosos caminhos. Hoje a tarde fui chamado de "Brasileiro misterioso" por pessoas que conheci em minhas viagens e não misteriosamente digo com convicção que atingi o sucesso de minhas metas de médio prazo sem muito mistério. Complicado conectar tudo isso que acabei de escrever ? Imagina viver tudo isso então.

O sucesso nem sempre é aquilo que se explica no dicionário e o que as pessoas possuem em mente, a palavra sucesso pode ser reinventada e colocada de uma forma menos política ou corporativa, a palavra sucesso pode ser taxada como algo que preenche a alma, aquele gosto de água doce na boca de quem foi náufrago em águas salgadas por meses, quem sabe até anos.

Foram alguns anos de minha vida que dediquei à privação de certas coisas para chegar à determinado lugar, aprendi isso com tantas pessoas que difícil é citar tais exemplos, o mais próximo é meu pai, que por um bom tempo trabalhando fora para nos sustentar tinha de ir dormir mais cedo para esquecer a fome e economizar o dinheiro do jantar. 

Comecei a trabalhar bem cedo, por opção e não necessidade, não havia necessidade pois meus pais trabalhavam para nos dar sustento e educação, bem rigorosa mas que deu base para os anos que vieram, e desde cedo aprendi o valor do dinheiro e também aprendi o valor que o dinheiro não tem, se é que você me entende. O valor que as coisas materiais perdem depois de sua empolgação, depois do sentimento de que você conquistou e está ali a seu dispor, seja na garagem, na sala de estar ou na cozinha.

Bem cedo aprendi também que mesmo tendo tudo, às vezes não temos nada, um carro sem seguro pode sumir entre seus dedos se acidentado ou roubado, mas sua vida ainda estará lá independente de dinheiro ou seguro. Não sou hippie apesar de respeitar a opinião de quem é, não prego que a vida só é válida se minimalista, o dinheiro é importante, o capitalismo faz o mundo girar, pelo menos no lugar em que nascemos e somos acostumados, dependemos da troca do papel e da moeda pelo nosso sustento por que já não temos como caçar e pescar, necessitamos de dinheiro por que no futuro o médico vai ser caro, já nos esquecemos dos curandeiros e seus chás e dependemos quase sempre de enlatados, então não confunda as coisas, não semeie sonhos criativos de vida perfeita em comunidade numa vila de pescadores, uma dor de dente vai fazer você voltar à civilização num piscar de olhos.

E nunca, nunca julgue aquele que trabalha e estuda sem parar com extremismo, pois aquele tem suas razões ramificadas em seu ser, queimadas a ferro e fogo em sua pele pela visão crua do mundo ao seu redor, pois ele já está cansado de ver a vida de seu próximo ser tomada pela necessidade e desamparo que a vida moderna trás consigo. 

Nesses dias que venho passando tento justificar à mim mesmo o motivo pelo qual tenho sido tão agraciado com uma vida que todo ser humano gostaria de ter, viajar pelo mundo, experimentar novas culturas, conhecer novas pessoas, ter novas paixões e amores, acordar naturalmente com a luz do sol pela janela de uma cabana à beira-mar, não ter hora nem compromisso, ler e escrever quando me dá vontade, resumindo, tento achar justificativa por ser feliz agora.

Mas e quando eu estava lá no exército das 6 às 8 da manhã, indo direto pro trabalho que teria de ter começado às 8 e que compensava o atraso na hora do almoço, para então sair às 6 da tarde e chegar no colégio à tempo da primeira aula, rezando conseguir uma carona no final das aulas para chegar em casa às 11 da noite, caso contrário seria quase uma hora à pé ? Tendo de engolir a comida para sobrar tempo de ver um pouco de TV, engraxar o coturno e me barbear para às 4:30 da manhã pegar o ônibus para o quartel ? Por que naquela época eu não procurava justificativa para os sofrimentos ? Quando minha mãe me acordava de madrugada no sofá adormecido com o coturno em meu colo, por que eu não me justificava ou pedia desculpa pelo meu sofrimento ?  E quanto à úlcera que tive nesse meio tempo com apenas 19 anos de idade ? 

Por que então depois do exército resolvi ir trabalhar em outra cidade, e continuar por alguns anos aquele martírio de acordar ainda mais cedo, indo dormir ainda mais tarde porque escolhi uma profissão diferente da que exercia e dependia de mais estudo ?

Também não tentei me justificar quando decidi voltar e fazer faculdade, sem emprego mas com determinação e ter de economizar cada centavo para pagar a mensalidade, depois de formado quando era hora de ter paciência e então começar a criar raízes mais uma vez me coloquei numa posição nem um pouco confortável.

Foi em Londres uma das experiências mais pesadas em minha vida, mais uma vez por vontade própria, me deprivei de meu ser, de quem eu era, para me tornar o que sou hoje, alguém que queria aprender mais, alcançar ainda mais e chegar onde poucos chegaram. O preço foi alto, anos de reclusão longe da família e amigos, economia exagerada, frio, depressão, falta de calor humano e carinho verdadeiro, carga horária de trabalho exagerada e irresponsável, horas de estudos insuportáveis e a perda de meu humor característico.

Mas tudo valeu à pena. Nesses longos anos também existiram tempos de paz e felicidade que ficaram mais fortes na memória apesar de mais escassos, devido à toda essa privação os resultados foram gratificantes, recompensantes e que hoje tem me proporcionado muito mais do que eu desejava no começo, hoje possuo coisas que nenhum governo pode me tirar, que a falta de dinheiro tampouco irá me preocupar e que derrubou toda e qualquer fronteira desse mundo.

Acredito que estou empatado agora, depois do vendaval veio a bonança, depois do inferno o paraíso, agora é tratar de planejar os próximos passos pros próximos 10 anos, e dessa vez, o que vier será mais fácil e se não for, não será novidade e se for novidade, que não só eu mas você também tenha saúde para enfrentar de cabeça erguida lembrando que no fim do arco-íris existe um pote de ouro.

Nessa tarde me chamaram de "Brasileiro misterioso" quando contei grande parte dessa história para uma roda de amigos, todos irlandeses e que diziam não acreditar eu ser Brasileiro pelo meu sotaque irlandês, depois de um mês viajando entre eles absorvi a conversação e suas particularidades assim como eu fazia no passado quando passava minhas férias no sítio e mudava constantemente meu palavreado entre o caipira e o menino da cidade, esse foi um dos resultados de minha longa jornada, mas deixei bem claro ser Brasileiro sim, com muito orgulho, com muito amor e que não desiste nunca, mesmo que tenha de me privar de vez em quando.

Tuesday, 2 November 2010

Bangkok - Khao San Road

A primeira vez em que botei minha atenção em Bangkok foi quando assisti o filme "A Praia", o personagem principal - Richard, narrava sua chegada a cidade depois de uma longa viagem vindo dos EUA, surpresa a minha foi quando li o livro que deu origem a história contando ser ele na realidade britânico, talvez por Leonardo Di Caprio não ter a facilidade em fazer o sotaque o roteirista deva ter achado melhor mudar o ponto geográfico do personagem.

Ele começa a narrativa falando sobre Khao San Road, a rua dos mochileiros: suja, milhões de "westerners", locais vendendo todo tipo de coisa, motoristas de tuk-tuk puxando pelo braço, barulho, música pop thailandesa vindo de todo lado, barracas de comida vendendo Pad-Thai por menos de 1 dólar, muito álcool, casas de massagem e insaciáveis olhares em busca de sexo e diversão.

Minha primeira impressão ao chegar aqui foi exatamente a mesma.
O grupo de mochileiros que eu viajava se dissipou e acabei chegando em Bangkok com duas inglesas do grupo, elas já haviam passado por aqui no inicio da viagem e sabiam alguns lugares decentes pra ficar, conseguimos um quarto triplo por 8 dólares cada, sem sinal de ratos ou baratas, comecei bem minha experiência thailandesa.

Mas durou pouco, elas - minhas amigas inglesas - estavam a caminho das ilhas ao Sul da Thailandia, ficariam apenas uma noite e depois eu teria de me virar pra achar um lugar só pra mim. Nessa primeira noite achamos um casal de irlandeses que viajaram conosco pelo Vietnã e Camboja, eles vieram mais cedo pois tinham de encontrar outros 14 irlandeses amigos que planejaram viajar juntos pela Ásia e então juntei me à eles. Não sei onde eu estava com a cabeça...
A fama irlandesa de serem beberrões não é a toa, ainda mais quando eles acham um pub irlandês fora de casa, e Khao San Road possui o "Mulligans", tradicionalíssimo e ponto de encontro dos caras. 

Sempre tive amizade com irlandeses, são fanfarrões e muito parecidos com brasileiros em seu humor e forma de se divertir, não demorou e eu já tinha acostumado meu ouvido ao sotaque forte de Galway (região sudeste da Irlanda de onde esse grupo veio) e até mesmo consegui adaptar meu sotaque ao deles pra facilitar a  conversação, depois de alguns baldes de whisky/rum e coca-cola a gente fala até Alemão fluente meu amigo...      

A noite passou rápido demais e quando percebi estávamos todos cantando e dançando com dezenas de locais ao redor de uma banda de rua, as músicas eram incompreensíveis em Thai, mas o som era agradável e ritmado, deviam estar tocando os top-hits pois os locais cantavam apaixonadamente.

O sol já estava ardendo quando resolvi voltar pro meu hotel, meus amigos irlandeses -  Demian, Rachael, Thomas, Michael, Michella, Michelle, Ayline, Gemma, Dan, Chris, Callum, Jason, Evy e Jackie rumaram para o deles onde estavam juntos, e quando chego ao meu quarto a porta trancada, as inglesas tinham voltado mais cedo e já estavam dormindo à séculos. Não muito alegres abriram a porta, dormi por umas duas horas e então fizemos o check-out no hotel, elas estavam de partida pras ilhas e eu numa nova jornada para achar um hotel bom, bonito e barato, tarefa quase impossível.

De ressaca e com uma alergia do sol que nem vampiro tem, saí em busca de uma nova casa, não poderia ficar com os irlandeses pois hotel com piscina no terraço aqui custa em média 30-40 Euros por noite, eu estava disposto a pagar 5-10 dólares. Andei por todo lado como um zumbi e a cada hotel que entrava lembrava do filme "A Praia", lugares que pareciam depósitos de lixo, camas afundadas e cheirando mofo, paredes feitas de compensado de madeira ( se ouve tudo o que acontece do outro lado ), e a maioria dos quartos sem janela com ventiladores quebrados.

Um dos primeiros hotéis que passei custava apenas 4 dólares por noite, achei ser um dos regulares, pois ao redor da Ásia é um valor comum, mas não no caso de Bangkok, engano meu, tinha de dividir o quarto com hóspedes indesejados, ao abrir a porta um batalhão de baratas correu pra dentro do colchão e uma tropa de ratos saiu pela janela (sim, esse quarto tinha janela!), minha expectativa de encontrar um lugar bom e barato começava a ir por água abaixo.

Depois de horas nessa jornada, consegui algo razoável, 12 dólares com banheiro comunitário, nunca fui tão feliz na minha vida, mas terei de economizar em outros aspectos, o mochileiro precisa manter seu orçamento ao redor de 10 dólares por dia, caso contrário vai a falência. Apesar de ser um bom lugar, continuo ouvindo tudo o que acontece no quarto do lado, não acho tomada pra recarregar meu IPod, resta botar o protetor auricular e ler um pouco pra conseguir dormir, em menos de 5 minutos eu entrava em coma por diversas horas.

Acordei já eram 7 horas da noite, uma fome que mordia meu estômago por dentro, saí em busca dos irlandeses e não foi difícil acha-los no "Mulligans", todos haviam passado o dia dormindo ao redor da piscina e tinham queimaduras nem um pouco confortáveis, brancos como todos irlandeses, pareciam muito como tomates levados ao forno, mais motivo para beber e dar risada.

Compramos comida e bebidas no supermercado e voltamos pro hotel deles, não foi difícil passar despercebido no meio de 14 irlandeses pela recepção, vi que as recepcionistas já não estavam agüentando mais tanto barulho e desistiram de pedir pra se comportarem, logo estávamos na piscina do hotel 4 estrelas com uma vista maravilhosa de Bangkok e a insanidade da Khoa San Road 15 andares abaixo, mais uma vez agradeci aos céus por ser tão abençoado em minhas viagens e fechei minha segunda noite em Bangkok sem dormir e com um shot de sangue de cobra. Ainda fico vários dias por aqui, e então rumo para "A Praia", ou melhor, para "As Praias", mas prometi a mim mesmo não ser tão irlandês nos próximos dias...  

Monday, 18 October 2010

Halong Bay, Vietnam


"Find what you love and let it kill you."

Emptiness. Laying on the beach for hours just staring at the sky, can't find anything but blues and clouds, makes me wonder how easy is living, how boring is not moving.

Few days ago, far from here I was at this place, a beautiful and unique bay, doing the same thing, floating in that blue turquoise water in the middle of the night just staring at the stars, what a moment, knowing how deep that place was, not knowing what could be under water, all this made me feel so full of life, couldn't stop smiling like a child.

This kind of a moment is so intense that you just forget about everything, you don't want to eat, you don't want to sleep, you don't want to rest, you do want to freeze that moment like in a paint and stay there forever, with your arms wide opened, your lungs full of air and just pretending that you are flying around.

Everyone's back at the boat, sleeping, dreaming in a magic swinging of the waves, and I was out there, living the real thing, and suddenly I saw it, lights everywhere under me, first I was afraid and then I realise what that was: phosphorescence. 

Phosphorus is a bacteria that can be found around South Asian's sea, and it produces exquisite lights underwater when you move around it, and as lucky as I never imagined I could be, found myself swimming in one of the most beautiful places in the world involved in shiny and bright light, alone. No witness, only my being. 

Who knows when this sort of a thing is going to happen again, hard to say, once in a lifetime experience, probably will be part of conversations around friends, when everyone's response will be an open mouth and disbelief, some asking desperately to explain or to show photos, some of them just thinking that I'm trying to show off with made up stories from abroad, but the truth is, I'll never be able to really explain what a feeling that was.

One day I'll be back at the office again, in my desk, behind my computer, boiling my brain, stressing my nerves and trading my soul, and that memory will be my resort, I'll fish a smile whenever I need it, I'll heal my body with that good feeling and I'm gonna buy my soul back whatsoever, because my soul was blessed that night and can't be traded for silly money.

Saturday, 16 October 2010

Trilhas sonoras da estrada e para a vida

Numa viagem pelas montanhas do Laos, eu pensava comigo qual seria a religião do motorista, o quão parecido com paraíso seria o lugar em que ele imaginava ir após sua morte, e qual seria a qualidade de vida que ele levava naquele momento a ponto de avaliar qual seria melhor, pois a velocidade em que ele levava seu ônibus naquelas curvas à beira de precipícios me deixou bem preocupado.

A última vez que experimentei tamanha aventura foi no Peru, num taxi dirigido por um japonês doido por Roberto Carlos e que dizia a todo momento o quão "hermosas" eram as montanhas de picos nevados. Nunca imaginei que seria tão complicado e "peligroso" ir em busca de uma passagem de trem para Machu Picchu.

Ultimamente uma de minhas preocupações é a trilha sonora para minhas viagens, parece bobo mas quando se volta pra casa é bom ter aquela música como parte da lembrança, ou mesmo quando toca no rádio inesperadamente e a recordação do lugar vem automaticamente, não tem preço. Lembro das caminhadas pela Chapada Diamantina na Bahia acompanhadas por Morcheeba, da trilha sonora de Marie Antoinette na França e Renato Russo pela Itália afora, acho então que Jack Johnson tem sido uma boa escolha para o Laos até agora.

Venho guardando Jimmy Hendrix pro Vietnam - campos de arroz, cheiro de pólvora no ar, sangue na vegetação, helicópteros passando sob sua cabeça no ar e pacotes de Marlboro amarrados no capacete, guerra meu irmão, Vietcongues por todo lado e Hendrix na cabeça, aposto que muito americano morreu por lá sem ao certo distinguir a diferença entre o som da metralhadora e a guitarra de Hendrix.

Thailandia ? Bob Marley meu amigo, nada mais, nada menos..

Dica para serras intermináveis e curvas ao longo de montanhas : barriga vazia, garrafa d'água e uma caixa de chicletes. Diga adeus as náuseas.

Tenho a impressão de que o interior dos países são todos iguais ao redor do mundo, população ribeirinha vivendo da pesca e morando em casas de pau à pique, outros morando nas encostas dos morros sobrevivendo dos animais que criam e dos vegetais que plantam, crianças na faixa dos 2 aos 5 anos de idade vivendo livremente soltas por todo lado, gente transportando todo tipo de coisas em baús de palha nas costas ou na cabeça, entre mil outras semelhanças que já vimos no sertão brasileiro ou que bem sei existe nos altiplanos bolivianos.

Seriam eles, os simples habitantes, capazes de experimentar a vida urbana e algum dia desistir e voltar as suas origens, vivendo de pouco saneamento básico e higiene, sem a modernidade de hoje em dia, desligar-se do materialismo que consome milhões de pessoas nas grandes capitais ? Como seria se houvesse essa opção depois do choque cultural e adaptação, teriam eles a coragem de largar tudo e voltar ?

Difícil dizer. Seria mais ou menos como o pássaro capturado, apesar de ter a mordomia de uma casa, água, comida e alguém sempre assobiando ao seu redor, provavelmente passaria a vida lembrando do quão extenso era o céu, quanta falta lhe faria seus mergulhos em queda livre e sua liberdade acima de tudo. Fácil é entender as razões pelas quais o inverso acontece, tantos suburbanos deixando a cidade em busca desses refúgios da pré-história.

Eu mesmo já me perguntei diversas vezes, seria muito fácil minha adaptação em tais lugares, viveria como pescador, plantaria, caçaria e teria todo o tempo do mundo para meu amor e meus filhos, mas daí vem a família e amigos, que moram lá longe nas cidades grandes, a falta deles me mataria, me faria querer ter mais, um carro, mais dinheiro pra poder visitá-los e então todo o plano vem por água abaixo.

Bom, por enquanto sigo pelas tortuosas estradas da vida, hora me matando de estudar e trabalhar, hora aproveitando cada segundo que essa vida me reserva...

Laos, primeiras impressoes e minas-terrestres

Laos, aposto que você nunca ouviu falar deste lugar, estou certo ?

Quente, árido, comida apimentada, cerveja barata e resquícios de várias guerras por todo lado, essa é a primeira impressão quando se chega na capital, Vientiane.

Embaixadas fortemente guardadas mostram também quantos países tentaram conquistar e manter Laos como base logística na Ásia, interessante mesmo é ver o quanto de francês ficou em nome de ruas, monumentos e prédios ao redor.

Fato: Os Estados Unidos gastaram 9 milhoes de dolares por dia bombardeando Laos durante a guerra do Vietnam que acabou em 1975, porem muitas dessas bombas e minas terrestres continuam ao redor espalhadas pelos campos, vilarejos e estradas, fazendo desde 1973 12.000 vitimas com estimativa de ainda existir centenas de aparatos nao detonados.

Laos e conhecido hoje como um dos paises mais bombardeados no mundo, e os Estados Unidos gasta 1 milhao de dolares por "ano" tentando ajudar as vitimas e o desarmamento desses dispositivos.

Turista x Viajante: A diferença entre o turista e o viajante é que um necessita algo para fazer, um mercado para comprar, um museu para visitar, um monumento para tirar foto, sempre a necessidade de "ter de fazer algo", enquanto o viajante apenas precisa sentir o lugar, parar numa esquina e ver o tempo passar, ver o trânsito caótico levantar poeira e não se intimidar em ficar ali observando, tirando suas conclusões, imaginando o dia-a-dia daqueles que por ele passa, buscando à todo momento sintonizar sua vida naquele momento, ao invés de parecer apenas um objeto deslocado, algo fora do normal, uma explosão de branco em fundo preto, ou molho de tomate derramado sobre toalha branca, assim como o turista ocasional parece para a população local.

O viajante ajuda da mesma maneira o desenvolver do lugar em que passa, assim como os turistas ele precisa se hospedar, precisa se locomover e precisa também se alimentar, mas ele se torna um foco menos presente, menos óbvio, um ser nem tão onipresente como a maioria, que precisa se identificar como alguém de fora, alguém que não pertence ali, alguém que na maioria das vezes procura a vantagem entre seu dinheiro e a moeda local para se satisfazer em luxuria, enquanto os menos afortunados se desgastam para sobreviver.

Sobre a felicidade nas pequenas coisas: Em Laos vemos pobreza por todo lado, mas não creio existir fome, e por incrível que pareça, esse povo está sempre sorrindo.

Lembrei me de minha infância no sítio vendo as crianças desse país correndo selvagem por todo lado, vivendo à beira de estradas onde caminhões passam a centímetros desses pequeninos seres, e eles apesar de tão jovens, acredito em torno de seus 2-5 anos de idade, sabem exatamente como se proteger, talvez por que nunca souberam o que é um videogame.

Se um dia for eleito presidente, criarei uma lei proibindo videogames, permissão só para maiores de dezoito anos.

Partir

Preciso de novos amores para compor como preciso do ar que respiro, necessito dessa chama de paixão para mais alto voar, no dia em que essa fonte se esgotar faço um filho, quero aprender o que é amar alguém que sou eu fora de mim mesmo, e dessa fonte imagino que inspirações nunca irão se acabar.


Tenho amigos que me inspiram e sei que à alguns também o faço, fato é que muitos deles são mesmo amigos não pelo respeito, mas pelo que compartilhamos nessa vida, seja um dia em que dormi em seus sofás, seja naquela noite em que fizemos a fogueira para esquentar a conversa.

O respeito vem junto com o tempo, dizem termos de cuidar bem dos nossos velhos amigos pois aos 30 você já não terá tanto tempo assim para o tê-los, terá sim bons amigos, mas não aqueles da adolescência que cresceram juntos, que puderam passar tardes jogando conversa fiada sentados na calçada ou brigando por amenidades.

Ah que falta me fazem eles, os amigos, quiçá um dia entendam esse mundo de saudade e distância, e que me perdoem o deixar e o partir, mas um dia isso passa, e se não passa, comigo os levo.

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