Saturday 16 October 2010

Laos, primeiras impressoes e minas-terrestres

Laos, aposto que você nunca ouviu falar deste lugar, estou certo ?

Quente, árido, comida apimentada, cerveja barata e resquícios de várias guerras por todo lado, essa é a primeira impressão quando se chega na capital, Vientiane.

Embaixadas fortemente guardadas mostram também quantos países tentaram conquistar e manter Laos como base logística na Ásia, interessante mesmo é ver o quanto de francês ficou em nome de ruas, monumentos e prédios ao redor.

Fato: Os Estados Unidos gastaram 9 milhoes de dolares por dia bombardeando Laos durante a guerra do Vietnam que acabou em 1975, porem muitas dessas bombas e minas terrestres continuam ao redor espalhadas pelos campos, vilarejos e estradas, fazendo desde 1973 12.000 vitimas com estimativa de ainda existir centenas de aparatos nao detonados.

Laos e conhecido hoje como um dos paises mais bombardeados no mundo, e os Estados Unidos gasta 1 milhao de dolares por "ano" tentando ajudar as vitimas e o desarmamento desses dispositivos.

Turista x Viajante: A diferença entre o turista e o viajante é que um necessita algo para fazer, um mercado para comprar, um museu para visitar, um monumento para tirar foto, sempre a necessidade de "ter de fazer algo", enquanto o viajante apenas precisa sentir o lugar, parar numa esquina e ver o tempo passar, ver o trânsito caótico levantar poeira e não se intimidar em ficar ali observando, tirando suas conclusões, imaginando o dia-a-dia daqueles que por ele passa, buscando à todo momento sintonizar sua vida naquele momento, ao invés de parecer apenas um objeto deslocado, algo fora do normal, uma explosão de branco em fundo preto, ou molho de tomate derramado sobre toalha branca, assim como o turista ocasional parece para a população local.

O viajante ajuda da mesma maneira o desenvolver do lugar em que passa, assim como os turistas ele precisa se hospedar, precisa se locomover e precisa também se alimentar, mas ele se torna um foco menos presente, menos óbvio, um ser nem tão onipresente como a maioria, que precisa se identificar como alguém de fora, alguém que não pertence ali, alguém que na maioria das vezes procura a vantagem entre seu dinheiro e a moeda local para se satisfazer em luxuria, enquanto os menos afortunados se desgastam para sobreviver.

Sobre a felicidade nas pequenas coisas: Em Laos vemos pobreza por todo lado, mas não creio existir fome, e por incrível que pareça, esse povo está sempre sorrindo.

Lembrei me de minha infância no sítio vendo as crianças desse país correndo selvagem por todo lado, vivendo à beira de estradas onde caminhões passam a centímetros desses pequeninos seres, e eles apesar de tão jovens, acredito em torno de seus 2-5 anos de idade, sabem exatamente como se proteger, talvez por que nunca souberam o que é um videogame.

Se um dia for eleito presidente, criarei uma lei proibindo videogames, permissão só para maiores de dezoito anos.

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