Friday 15 January 2010

Dono do meu destino, capitão da minha alma

Devaneio da minha alma, força que extrai me da realidade, arrasta me por sólo infértil dessa terra maltratada.

Insanidade dizem ser a definição daquilo que não sabemos explicar em forma comum, a inabilidade de comunicar nossas idéias, portanto todos nós em dado momento somos considerados insanos, mas não se deve confundir insanidade com a falta de controle.

Insanidade ao meu ver talvez seja aquele momento em que eu tenho guardado na memória e que não consigo traduzir, ver o sol nascer à beira mar, os pés descalços com aquele leve desconforto da areia entre os dedos, a brisa da madrugada vindo de encontro trazendo aroma de algas marinhas, a solidão momentânea e a rápida sensação de que se está sozinho no mundo enquanto todo o mundo dorme.

Mas isso tudo é de fato fácil falar, difícil é mesmo o que se passa por trás dos olhos naquele momento, naqueles breves suspiros por entre uma respiração e outra, o tentar achar significado pelo motivo de tão bem estar e o por quê não conseguimos eternizar tudo aquilo.

Alguns insanos ao decorrer de suas vidas levaram sorte e acabaram definidos como gênios, seriam eles capazes de traduzir ao total tudo aquilo que realmente se passava em suas cabeças ? Quando falavam sozinhos, estariam eles tentando argumentar consigo mesmos por falta de alguém insano tanto quanto eles próprios ?

Até que ponto conseguimos ensinar nossa psique e adestrar nosso subconsciente à nosso favor e à ponto de atravessarmos aquela linha imaginária que conhecemos como limites ? Seriamos capazes de não mais adoecer em nossos corpos e mentes apenas com a força do pensamento e pelo livre arbítrio ?

"Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença, eu sou o dono do meu destino, eu sou o capitão da minha alma".
- última parte do poema Invictus escrito por William Ernst Henley.

Um século depois de escrito, o poema "Invictus" foi o que manteve acesa em Nelson Mandela a esperança e a sanidade enquanto aprisionado em Robben Island cumprindo pena de trabalhos forçados.

Após ler a biografia de Mandela, e ter uma pequena porcentagem da idéia do tamanho que de fato esse personagem tem na história mundial, me deparei com esse poema, que trás palavras de força e determinação, e que não importa se ficaremos presos em nossas celas por 27 anos, seja ela numa África aterrorizada ou num escritório dentro de um arranha-céu, o importante é manter a sanidade da forma em que você acredita.

"Fora da noite que me encobre,
Negro como o poço de polo a polo,
Agradeço ao que os deuses possam ser.
Pela minha alma inconquistável.

Nas garras das circunstâncias.
Eu não recuei e nem gritei.
Sob os golpes do acaso.
Minha cabeça está sangrando, mas não abaixada.

Além deste lugar de ira e lágrimas.
Só surge o horror da sombra,
E ainda a ameaça dos anos
Encontra e me encontrará sem medo.

Não importa o quão estreito seja o portão,
quão repleta de castigos seja a sentença,
eu sou o dono do meu destino,
eu sou o capitão da minha alma"


William Ernst Henley (1849-1903)

7 comments:

  1. Sempre bom dar uma passadinha no seu quintal.
    Beijo, Crisântemo!

    ReplyDelete
  2. Gosto de seus textos...
    Tem SABOR,tem q ser degustado...DELÍCIA

    ReplyDelete
  3. Belissimo o poema. É inspirador.
    Gostei do blog eim, tem muita coisa boa!!!
    Sou artista, dá um pulinho no meu blog tbm ok.
    bjs
    Diogo

    ReplyDelete
  4. Fantástico e inspira a nós a sermos melhores apesar da selvageria do mundo.A buscar um caminho mais excelente.

    ReplyDelete
  5. Parabéns pelos textos, Blog muito bom...
    Depois confira e nosso também:
    http://ociodeoboservar.blogspot.com

    Espero que goste e nos siga.
    Forte Abraço; Luã Lança.

    ReplyDelete
  6. Muito boa a tradução. Parabéns!

    ReplyDelete
  7. Caramba que post incrivel! lindo o poema.. parabéns =)

    ReplyDelete