Wednesday, 11 May 2011

...y se perdió los ideales

Dos bens e dos males de se viajar, da dor infligida na alma e do prazer enraizado ao coração, eis que o pecado se aflora em vias de contramão, paradas em portos sem âncora onde todos desembarcam, mas só o viajante parte.

Estava em um estabelecimento precário, mas cheio de gente com bom coração.

Uma senhora que buscava o título de respeitada, mas que a cinta-liga por debaixo da saia a condenava, um garoto totalmente fora de contexto pela hora e local buscava pela carteira de um senhor cansado e desatento. O dono do bar limpava o balcão com algo que parecia mais um pano de chão, mantinha seus olhos atentos à um grupo que jogava cartas de forma suspeita, em alguns momentos percebia um movimento sorrateiro por baixo da mesa. Algo parecia não estar certo.

Alguém entra batendo a sola do sapato como que trotando pelo piso, brada algo incompreensível, tira de sua jaqueta surrada um revólver enferrujado e balança pelo ar como um helicóptero desvairado.

Hernan, o dono do bar, belisca a ponta de seu bigode, estica os fios revoltados em busca do penteado perfeito, dá um sorriso que move suas gordas bochechas e teatralmente bota sua mão debaixo do balcão.

O cachorro louco abaixa suas mãos, solta um urro, bufa, enche o peito com seus pulmões cheios de ar, e rapidamente volta pelo mesmo caminho por onde veio.

"- Mais um corno.", resmunga alguém próximo à mim, recostado numa parede suja.
"- Muito normal por aqui."

Noto que era um velho, parecia estar dormindo na última vez que havia checado, babava em seu próprio peito, por entre os botões de sua camisa aberta e amarrotada, cabelos meio longos, grisalhos e oleósos, barba por fazer e garrafa quase por acabar ao seu lado, cigarro pendurado na ponta de seus dedos marcados e com suas unhas sujas.

"- Mi nombre es Lopez, señor. Mucho gusto."
"- Encantado." Respondi sem muita empolgação.
"- Sabes que soy un de los ultimos combatentes de verdad por las FARC ? Cuando teníamos ideales ? Cuando nosotros no eramos criminales ?"

Não sabia se dava risada, se corria o mais rápido para fora dali ou se pedia "un ratito" para armar a câmera e começava uma entrevista completa. Resolvi não abusar da sorte, entre um copo e outro, me embriaguei não só pela névoa etílica, mas pelas histórias de um retirante combatente, tão certo de seus ideais que morreria por eles. Como ele me disse, Deus não o deixou ir assim, fez com que sobrevivesse para que pudesse ver a queda de seus heróis, a corrupção de seus companheiros e a tomada da sujeira no lugar de seus hinos criados debaixo de chuva pelas selvas Colombianas.

À mim, não me cabe julgar.

Era ele realmente um sonhador com farta imaginação, ou era ele um autêntico Che Guevara Colombiano, difícil dizer. Foi um bom entretenimento para a primeira de muitas noites por essas bandas. Aquele homem cansado de repente mostrava tanta energia que era difícil pará-lo, se escondia por entre as mesas, fazia gestos como que portando metralhadoras entre a densa selva, mostrava como se feriu por tantas vezes e já estava no final não só de sua bebida mas também de sua sanidade, derrubou-se pela mesa em choro quieto, dizia algo como não ter tido sua família, da dor em ter deixado seus pais e irmãos na juventude e ter ido lutar por eles lá longe, da volta à sua casa após anos e encontrar metade daqueles que havia deixado no passado, e os que sobraram já não se lembravam mais daquele lutador, tampouco lembravam eles de seus ideais.

... o outro lado do ideal, reflexão pessoal:

A mensagem implícita da guerrilha e de todos os conquistadores é o reconhecimento de uma hierarquia pela força, a escravização do povo e tomada de sua vontade pela mesma. Quando não se deixa a população escolher por uma forma de vida, por um lugar, um trabalho e seus hábitos, já estão escravizados.
Não é que as guerrilhas terminavam escravizando toda a gente, ao menos não era o que se propunha desde o início, escravizar a gente era o outro "ideal".

Roubá-la e escravizá-la. Aqui é onde se encontra o que é realmente a guerrilha: uma constante da história humana. Todos os impérios cresceram roubando e escravizando. Porém sobre tudo o que existe, há uma constante da história latino-americana:
Os conquistadores vieram a roubar e escravizar. Os mesmos sequestros se praticaram nos primeiros anos da Conquista. Não ?

Todos os revolucionários obedecem a essa mentalidade dos guerreiros e reproduzem um fenômeno tradicional. O que acontece hoje em dia é apenas uma corrupção da linguagem. Não se diz mais "roubar", se diz "desapropriar", não se diz mais "escravizar" e sim "liberar", não se diz mais "sequestrar" e sim "deter", porém a essa mentalidade de guerreiros se soma a ideologia herdada dos Espanhóis na época da Conquista.

Os ideais se perderam durante os anos, a força jovem daquela banda se corrompeu e usou o discurso antigo para promover sua vida capitalista, aquela mesma vida que antes julgavam errada, se tornaram fiéis à Marx, mas ainda condenando os Marxistas.

Enquanto isso alguns se pegam à sonhar pelos bares socialistas.

Tuesday, 5 April 2011

Do passado ao futuro num piscar de olhos

Concentrado em frente ao meu laptop, trabalhando e buscando soluções práticas para problemas banais, um rádio no canto da sala começa a tocar uma música que esteve presente em meus dias nos meados de 2005.

Melhor do que o DeLorean do De Volta para o Futuro, fui transportado imediatamente para o passado, fechei os olhos e senti o ar gélido daquela primavera, a fragrância de meu próprio perfume da época me vem fácil, as imagens de meu dia-a-dia chegam aos meus olhos, projeto em minha frente o ambiente do escritório, minha mesa rigidamente organizada, uma pequena escultura trazida do Peru ali na decoração, um quadro com a visão e missão da empresa alinhado com o monitor de meu computador e logo ao lado do telefone um porta-retrato com a foto de nós dois, foto que de tempos em tempos trocava por uma mais atual ou meramente para mudar a paisagem.

A música continua a tocar, não só no rádio como em meu pensamento, música que eu colocava pra ouvir quando pegava estrada em direção à casa dela, música que colocava pra me acalmar em dias estressantes, música que eu ouvia quando trabalhava nos finais de semana longe dela, a mesma música que tocava no meu carro ao voltar da faculdade depois de um exame final.

"You got a fast car
I want a ticket to anywhere
Maybe we make a deal
Maybe together we can get somewhere"

Soava como se ela cantasse em meus ouvidos e sim, eu tinha um "fast car", eu poderia dar à ela um ticket to anywhere, e talvez nós pudessemos ir pra algum lugar, mas não foi assim que aconteceu, ambos fomos pra algum lugar, mas o destino não ajudou que fossemos para o mesmo lugar.

O tempo se esvai entre nossos dedos como grãos de areia, escorregando de nossas mãos, os anos passam e as memórias ficam, até um novo ciclo recomeçar e como num filme clássico repetido das tardes de domingo, tudo segue o mesmo rumo novamente, o ambiente do escritório, a tela do computador, mesa impecávelmente organizada, e o telefone ali no canto, porém sem um porta-retratos para me recordar de boas lembranças.


"Anyplace is better
Starting from zero got nothing to lose
Maybe we'll make something
But me myself I got nothing to prove"



Hora de um novo recomeço, sem nada à perder em todos os sentidos, e como diz a música no rádio, "eu mesmo não tenho nada à provar", então que assim seja.

Thursday, 31 March 2011

Loy Krathong, Thailand


"November full moon shines,
Loy Krathong, Loy Krathong,
And the water's high in
the river and local klong,
Loy Loy Krathong,
Loy Loy Krathong,
Loy Krathong is here
and everybody's full of cheer,
We're together at the klong,
Each one with his krathong,

As we push away we pray, We can see a better day. "
This is a translation of the song sung by Thai people to celebrate Loy Krathong.

Loy Krathong is basically a Thai festival that happens all over the country. In Thai, Loy means "to float" and krathong is the name of the little lotus-shaped boats, which are constructed for the occasion. Loy Krathong is held on the evening of the full moon of the 12th month in the lunar calendar. This usually falls in November and I was there when happened in the past year, 2010.

Loy Krathong is long anticipated all over Thailand and especially in Bangkok, thousands of people gather on the banks of the rivers and take boat trips along the canals.

Last year, I was in Ko Samui then I went to a huge lake after dark, just around the place I was staying. The sun had only just set, several hundreds of people had already gathered.

I walked around the area, groups of people had gathered to celebrate together. All the tables and chairs had been set up everywhere, the tables already covered with bottles of Sangsom whiskey, glasses and buckets of ice. All around, stalls were set up selling krathongs in every size and colour, fireworks and toys.

At around 8 pm the whole thing began. I found a place on the river bank and watched in awe as about thousands of krathongs went down the river.

There was a fireworks display during long minutes. Several children were firing tubes with small rockets into the air, shouting and jumping with entusiasm.

Then it was time for me to launch my krathong. I patiently waited my turn at the water's edge, then lit the candle and incense sticks in the center and lightly placed my krathong on the water, making a wish as I did so. Many people believe that their wish will come true if their candle continues burning until the krathong is out of sight. After a couple of months, I can say that my wishes are coming true.

I watched while my krathong drifted into the river and got lost amongst the hundreds of others already floating there. The flickering lights of the candles on the water created a magical atmosphere.

The Loy Krathong festival dates back about 700 years. Coinciding with the end of the rainy season and the rice harvest, it is a way of apologizing for polluting the water. Thai people float a krathong on the water to thank the Goddess of Water, Phra Mae Khongkha. The act of floating away the candle raft symbolises letting go of anger and grudges so that a person can start life afresh.

Another symbol of Loy Krathong are the beautiful lanterns. As I walked around the place, I came across a group of monks holding aloft one of these large paper lanterns and waiting for it to fill with air. When inflated, a candle was placed inside and the lantern was released, rising high into the air to become another flickering point of light.

That experience stayed on my mind and will stuck forever with me, these kind of tradition makes me respect and appreciate all the people from the other side of the world, the oriental culture and their values, even when tragedy strikes hard, they keep on going, praying, helping, singing, with great patience and will. Doesn't matter if it's a tsunami in Thailand, or a volcano exploding in Indonesia, earthquake happening in Japan, flooding in China or the bloodiest war of all times in Vietnam, Laos and Cambodia, nothing can stop them smiling.

We should pay attention and try a little bit harder, as well.

Sunday, 27 March 2011

Sampa

Fácil é colocar letras numa tela em branco, ou num caderno vazio, difícil mesmo é olhar para um muro tosco ou num prédio recém demolido e traduzir aquilo tudo em palavras, ver o cansaço em um rosto e enxergar a indescência por trás daquilo, ouvir o eco da madrugada e resumi-lo num ponto final.

Tiro uma cerveja da geladeira, sigo à passos lentos até a varanda, o conglomerado de apartamentos ao redor suprime o sol e a visão da rua, o silvo do vento por entre o concreto trás lembranças remotas de uma São Paulo de minha infância, onde quando falavam da capital em casa tudo o que me vinha à mente era o congestionamento, o calor intenso, os arranha-céus caindo aos pedaços no centro velho e a sujeira do ser humano transeunte das praças públicas.

Não me contento com aquela visão, meia volta volver e estou em direção à janela da sala, encosto no parapeito, lentamente sigo toda a linha do horizonte, devagar, sem pressa alguma. Fecho os olhos por um instante e estou de volta à janela da cozinha do meu apartamento em Londres, com a sutil diferença em que nessa recordação estou enrolado até o pescoço com meu edredon, caneca de café fervendo em mãos e olhar de nostalgia mirando o branco do lado de fora da casa, toda aquela neve, frio e eu perdido em pensamentos.

Abro os olhos e de volta à São Paulo, copo americano cheio de cerveja com o colarinho espumando, calor infernal e apenas um short daqueles que jogamos "pelada" na rua para cobrir minhas partes, passo a mão pelo meu rosto e lembro que amanhã é dia de trabalhar de novo, preciso fazer a barba e pentear o cabelo. Do alto de minha atual janela vejo varandas e pessoas concentradas em seus afazeres, o doce prazer da vida simples, uma senhora rega suas plantas e imagino sua conversa com as únicas companheiras que tem, com as roupas penduradas no varal logo ao lado posso dizer com precisão que vive sozinha, talvez viúva, talvez divorciada, solitária com certeza.

Alguns prédios à esquerda e dois rapazes conversam fervorosamente em suas camisetas de time, sentados numa daquelas mesas plásticas de boteco, cores e emblemas diferentes, um milagre estarem tão passíveis numa conversa em plena São Paulo de fanáticos futebolísticos, um andar abaixo e um senhor de idade passa um bom tempo entusiasmado com seu jornal e uma caneta em punho, seria um caça-palavras, palavras-cruzadas ou talvez buscando por um emprego nos classificados ? Poderia apresentá-lo à senhora das plantas no prédio vizinho, why not ?

Meus olhos percorrem cada centrímetro à minha frente, vendo tudo mas ao mesmo não prestando atenção à nada, apenas um registro pobre da vida comum. Um casal briga na sacada de seu apartamento, ele aos berros do lado de fora e ela pela janela, visivelmente lavando à louça, retrucando grunhidos e talvez até mágoas reprimidas, é meus caros, vida à dois não é fácil.

Entre prédios posso ver um estacionamento lá atrás, grande, carros de todo tipo estão lá parados no sol, um garoto de bermuda e camiseta cavada passa entre os carros, pára em frente uma Mercedes e com as duas mãos em concha se pôe a observar dentro do carro pelo pára-brisas, busca no bolso de sua bermuda alguma coisa e tira um molho de chaves, entra, o alarme dispara, alguns segundos se passam e então o som estridente do alarme cessa, os faróis se acendem, segundos depois se apagam, o menino então reclina o banco do motorista ao máximo, como se fosse uma cama, bota as mãos atrás da cabeça como se fosse tirar um cochilo e então ouço um forte som vindo dessa direção, samba de raiz ligado no último volume dentro do Mercedes. Estaria o ar-condicionado ligado também ? Espero que o cliente do estacionamento não perceba.

Uma garotinha de aproximadamente 7 anos de idade, cabelos claros e cacheados brinca no play do condomínio lá embaixo, sozinha, se diverte empurrando um balanço vazio, nem o seu ursinho de pelúcia à acompanha nessa hora tão necessária. Penso comigo se o senhor das palavras-cruzadas e a senhora que cuida de suas plantas não fariam um bom trio numa tarde de domingo, deixando assim a palavra solidão longe de meu blog nesse momento, a famosa expressão "sentindo se sozinho no meio da multidão" faz bastante sentido nessa hora.

Faço uma última varredura no horizonte, minha cerveja já acabou à algum tempo, hora de voltar à realidade e tirar minha roupa da máquina de lavar, colocar pra secar e procurar algo não saudável na geladeira para me alimentar, num instante vejo um rapaz no prédio da frente com um binóculo olhando diretamente para minha janela, levanto meu copo como que em uma saudação de bar, ao que ele levanta o braço em um aceno de mão sem tirar o binóculo de seus olhos. Acho que Sampa está sozinha nesta tarde de Domingo.

Tuesday, 22 March 2011

Dicas de viagem do século 17

*1. Faça das viagens uma parte da educação de sua vida;
Viajar, quando se é jovem, faz parte da educação, nos mais velhos, parte da experiência. Ele que viaja para o interior, está frequentando uma escola, antes mesmo de aprender sua língua, e não indo viajar;

2. Mantenha um diário, seja no mar ou por terra;
É estranha essa coisa, das viagens por mar, onde não se tem nada para ver à não ser céu e mar, o homem deve fazer diários; mas viajando por terra, onde existe tanto pra ser observado, a maior parte ele omite, como se as oportunidades para vivenciar o momento sejam melhores que anotar as observações, sendo assim, traga sempre um diário e deixe que tudo seja registrado;

3. Vá em busca de visões interessantes, como:
- Cortes dos Príncipes (especialmente quando ele dão audiência à embaixadores)
- Cortes de Justiça (enquanto eles se sentam e ouvem as causas)
- Igrejas e monastérios (com seus monumentos e obras espetaculares)
- Muros e fortificações das cidades e vilarejos
- Portos, antiguidades e ruínas
- Tesouros, jóias da coroa, robes, gabinetes e raridades
- Navios e embarcações
- Casas e seus jardins, próximas das cidades grandes
- Armamentos, arsenais, armaduras, galerias e galpões

4. Vá em busca de atividades interessantes, como:
- Exercícios de cavalaria, esgrima, treinamento de soldados
- Comédias, como as de anfiteatros a céu aberto
- Livrarias, colégios, disputas e palestras
- Baile de máscaras, banquetes, casamentos, funerais, execuções capitais como enforcamento público e decapitações em praça pública
- Prisões

5. Faça uso de guias de viagem e recursos locais
Deixe o levar consigo livros que descrevem o interior por onde viaja, os quais serão peça importante para suas perguntas e dúvidas. Deixe o também, conforme avança de um lugar para o outro, procurar recomendações com pessoas de qualidade que residem nos lugares por onde passa, que ele use de favores para se mostrar coisas que deseja ver e conhecer ao longo de sua estrada.

6. Procure por experiências variadas, mesmo que esteja num só lugar;
Não o deixe ficar por muito tempo numa só cidade ou vilarejo, mais ou menos o tempo que o lugar merece, mas não muito. Quando estiver numa cidade ou vilarejo, deixe-o se acomodar por alguns dias numa parte da cidade e mais outros em uma acomodação num outro lugar próximo à saída da cidade, só assim o viajante terá conhecido de forma espetacular o lugar e seu povo.

7. Procure por companhia que irá te desafiar;
Sequestre a si mesmo retirando-se da companhia de seus vizinhos, busque por dietas dos diferentes lugares em que passares onde exista boas nações. Cruze também as pontes do capitalismo e seus lucros. Busque conhecer e ser apresentado enquanto viaja para aqueles que podem de certa forma ajudar em seus custos, como secretários e funcionários de embaixadores, pessoas proeminentes e de nomes respeitados pela nação, daqueles que poderão te explicar como é a vida em um nível diferente do qual se vive.

8. Procure evitar viajar com pessoas que causam encrencas;
Para as brigas e encrencas, precisa ser tomadas com cuidado e discrição, geralmente se acontece com amantes, por dinheiro e palavras embriagadas, tome cuidado ao manter companhia com gente colérica e de temperamento, pois esses irão te trazer para dentro de seus problemas.

9. Quando voltar para casa, mantenha suas viagens vivas com um exercício intelectual;
Quando um viajante retorna à sua casa, ele não deve deixar os lugares pelos quais viajou para trás, mas sim manter contato por correspondência com aqueles que conheceu, aqueles que mais vale a pena, e deixe sua viagem aparecer mais em seu discurso do que em seus gestos.

10. Não se gabe de suas experiências de viagem ao retornar para casa;
Em seu discurso, deixe-o contar suas histórias ao invés de perguntar-lhe sobre tudo, deixe-o mostrar de que não mudou seus modos e os trocou pelos modos estrangeiros, tente absorver dele aquilo que ele tenta ensinar que veio aprendendo durante seu caminho nos países e lugares por onde passou.

Sir Francis Bacon   (22 January 1561 – 9 April 1626)
* tradução livre

Monday, 14 March 2011

To Everything There is a Season


To everything there is a season, and a time to every purpose under heaven:

A time to be born, and a time to die;
a time to plant, and a time to pluck up that which is planted;

A time to kill, and a time to heal;
a time to break down, and a time to build up;

A time to weep, and a time to laugh;
a time to mourn, and a time to dance;

A time to cast away stones, and a time to gather stones together;
a time to embrace, and a time to refrain from embracing;

A time to get, and a time to lose;
a time to keep, and a time to cast away;

A time to rend, and a time to sew;
a time to keep silence, and a time to speak;

A time to love, and a time to hate;
a time of war; and a time of peace."

Ecclesiastes 3:1-8

My time now is that of peace...
How about yours ?

Thursday, 3 March 2011

Carnaval sem culpa


"Tanto faz qual é a cor da sua blusa
Tanto faz a roupa que você usa
Faça calor ou faça frio
É sempre carnaval no Brasil"
Titãs, Nem cinco minutos guardados

Por isso e por outras é bom estar no Brasil.

Dizia Tom Jobim (fontes não confiáveis) de que "viver no exterior é bom mas é uma m%$^da, viver no Brasil é uma m%$^da mas é bom."
Sábias palavras meu bom Tom, se é que são suas e não invenção virtual, digo com propriedade que a frase tem um tanto de sentido, morar no exterior seria ótimo sabe como ? Com família, amigos, clima e caipirinha, somados ao bom salário, a certa estabilidade financeira, ao conforto, segurança de andar na rua e certeza de que nem tudo, mas a grande maioria das coisas funciona.

Sem a família lá fora, nós sentimos mais frio do que o inverno pode trazer, sem os amigos é difícil aquela cervejinha depois do expediente, sem o calor não tem como fazer farofa na praia, sem o jeitinho Brasileiro não existe piada nas filas de supermercado, não existe gozação na janela do ônibus, não se forma roda de viola, tampouco bailão sertanejo, se apoiar no balcão de um bar pra dividir uma cerveja e escutar uma história épica que daria um conto e um filme de duas horas então nem pensar amigão !

Quando se fala em Brasil lá fora, se responde Carnaval, samba, praia e muito sol, sim, é de praxe, é clichê, não se pode negar, não deixa de ter sua verdade, mas para o cidadão que tem sua pátria no coração e é inserido no contexto geral da nação, é fácil mostrar muito mais, mas pra isso é preciso um tanto de civilidade e força de vontade, não basta assistir telejornal e meter o pau naquilo que todo mundo faz, não pode ir com a onda e se deixar levar com a maré, precisa ser um pouco psicólogo, precisa ser um pouco analista da vida cotidiana, precisa sentir todas as camadas sociais, precisa trabalhar e estudar sem se deixar enganar pelos partidários e salafrários, precisa assistir menos Big Brother e ler mais, entender os motivos pelo qual se rouba aqui, pelo qual os impostos são altos, não basta culpar político, tem de saber história meu irmão !

Fácil também é dizer que o Brasil é a bola da vez, você sabe o motivo ? Muitos dirão que é pela Copa do mundo que vem aí, as Olimpíadas, ou talvez por causa da nossa Amazônia, nossa capacidade hidromineral, nossa mão de obra barata, nosso pré-sal e seus tambores de óleo que virão logo à seguir, mas não é só isso, tem também os profissionais de alto nível que estão se formando em nossa terra, enquanto alguns zé ninguém estão seguindo carreira fácil política e garantindo o seu, tem muito jovem por aí estudando e botando pra quebrar, eles são competitivos, são agressivos, confiáveis, inteligentes, falam línguas, enxergam o futuro e são bem sucedidos antes dos trinta anos de idade.

Podemos dizer que aconteceu também na Índia, na China, países gigantes que vieram de uns anos pra cá crescendo exponencialmente, com alguns diferenciais, dependentes de outros países, esses do 1o mundo, os quais quebraram todo o sistema financeiro mundial pela irresponsabilidade e ganância sem precedência na história. Não adiantou a Índia ter seus jovens intelectuais em ascensão trazendo excelência em softwares e engenharia, não adiantou a China ter seus jovens que não dormiam e trabalhavam horas a fio para sustentar uma demanda mundial dos bens de consumo, esses países desabaram juntos com os do 1o mundo, porém estão levando mais tempo para se recompor, enquanto no 1o mundo existe algo chamado recessão, onde as pessoas deixam de gastar "muito" para se manter, esses países que estavam em ascensão do dia para a noite deixaram de "ter" tudo, emprego, dinheiro e moradia.

Homens de negócio desses países do 1o mundo gostam do jeito Brasileiro de se fazer negócio. Como dito antes, temos uma grande parcela da população que é competente, que é letrada e com capacidade profissional além das expectativas, esses nossos profissionais não possuem diferenças culturais tão grandes como de certos países onde a religião está para o tratamento profissional como o sal está para o mar, está tudo misturado e influencia em decisões, assim como a cultura milenar de países asiáticos também trazem dificuldades, aqui é preto no branco, capitalismo selvagem, idéias inovadoras, criativas, soluções baratas para problemas caros, ajudamos a inventar o Facebook e o esquilo da Era do Gelo ! Esse meu amigo, é o Brasil que pouca gente conhece, um Brasil que não depende, se sustenta e que segura o reggae quando a coisa aperta.

Esse Brasil que pouca gente conhece é permeado por almas peregrinas, gente que nasceu aqui e que sempre volta, gente que tem atravessado esse mundo e não esquece seu país, gente que senta nos bares da vida e sorri lembrando do sol e da caipirinha, gente que volta e mostra para o que veio, se insere novamente na sociedade, muda as pessoas ao seu redor, já não reclama dos defeitos e preconceitos, somos essa gente que quando volta quer mesmo é ver o Carnaval de que tanto falam lá fora, que às vezes julgamos baixo e apelador, mas que é a maior festa do mundo, assim como outros países tem seus festivais e suas tradições, devemos sim mostrar nossa paixão por aquilo que somos famosos, a forma de festejar com samba no pé e drible nas canelas, Brasil não é só carnaval, samba e futebol, Brasil é país onipotente que sabe o que está fazendo, onde essa gente tabalhadora vem crescendo e precisa do Carnaval para expor sua história em samba-enredo.

Um bom carnaval meus amigos, estejam vocês onde estiverem.