A primeira vez em que botei minha atenção em Bangkok foi quando assisti o filme "A Praia", o personagem principal - Richard, narrava sua chegada a cidade depois de uma longa viagem vindo dos EUA, surpresa a minha foi quando li o livro que deu origem a história contando ser ele na realidade britânico, talvez por Leonardo Di Caprio não ter a facilidade em fazer o sotaque o roteirista deva ter achado melhor mudar o ponto geográfico do personagem.
Ele começa a narrativa falando sobre Khao San Road, a rua dos mochileiros: suja, milhões de "westerners", locais vendendo todo tipo de coisa, motoristas de tuk-tuk puxando pelo braço, barulho, música pop thailandesa vindo de todo lado, barracas de comida vendendo Pad-Thai por menos de 1 dólar, muito álcool, casas de massagem e insaciáveis olhares em busca de sexo e diversão.
Minha primeira impressão ao chegar aqui foi exatamente a mesma.
O grupo de mochileiros que eu viajava se dissipou e acabei chegando em Bangkok com duas inglesas do grupo, elas já haviam passado por aqui no inicio da viagem e sabiam alguns lugares decentes pra ficar, conseguimos um quarto triplo por 8 dólares cada, sem sinal de ratos ou baratas, comecei bem minha experiência thailandesa.
Mas durou pouco, elas - minhas amigas inglesas - estavam a caminho das ilhas ao Sul da Thailandia, ficariam apenas uma noite e depois eu teria de me virar pra achar um lugar só pra mim. Nessa primeira noite achamos um casal de irlandeses que viajaram conosco pelo Vietnã e Camboja, eles vieram mais cedo pois tinham de encontrar outros 14 irlandeses amigos que planejaram viajar juntos pela Ásia e então juntei me à eles. Não sei onde eu estava com a cabeça...
A fama irlandesa de serem beberrões não é a toa, ainda mais quando eles acham um pub irlandês fora de casa, e Khao San Road possui o "Mulligans", tradicionalíssimo e ponto de encontro dos caras.
Sempre tive amizade com irlandeses, são fanfarrões e muito parecidos com brasileiros em seu humor e forma de se divertir, não demorou e eu já tinha acostumado meu ouvido ao sotaque forte de Galway (região sudeste da Irlanda de onde esse grupo veio) e até mesmo consegui adaptar meu sotaque ao deles pra facilitar a conversação, depois de alguns baldes de whisky/rum e coca-cola a gente fala até Alemão fluente meu amigo...
A noite passou rápido demais e quando percebi estávamos todos cantando e dançando com dezenas de locais ao redor de uma banda de rua, as músicas eram incompreensíveis em Thai, mas o som era agradável e ritmado, deviam estar tocando os top-hits pois os locais cantavam apaixonadamente.
O sol já estava ardendo quando resolvi voltar pro meu hotel, meus amigos irlandeses - Demian, Rachael, Thomas, Michael, Michella, Michelle, Ayline, Gemma, Dan, Chris, Callum, Jason, Evy e Jackie rumaram para o deles onde estavam juntos, e quando chego ao meu quarto a porta trancada, as inglesas tinham voltado mais cedo e já estavam dormindo à séculos. Não muito alegres abriram a porta, dormi por umas duas horas e então fizemos o check-out no hotel, elas estavam de partida pras ilhas e eu numa nova jornada para achar um hotel bom, bonito e barato, tarefa quase impossível.
De ressaca e com uma alergia do sol que nem vampiro tem, saí em busca de uma nova casa, não poderia ficar com os irlandeses pois hotel com piscina no terraço aqui custa em média 30-40 Euros por noite, eu estava disposto a pagar 5-10 dólares. Andei por todo lado como um zumbi e a cada hotel que entrava lembrava do filme "A Praia", lugares que pareciam depósitos de lixo, camas afundadas e cheirando mofo, paredes feitas de compensado de madeira ( se ouve tudo o que acontece do outro lado ), e a maioria dos quartos sem janela com ventiladores quebrados.
Um dos primeiros hotéis que passei custava apenas 4 dólares por noite, achei ser um dos regulares, pois ao redor da Ásia é um valor comum, mas não no caso de Bangkok, engano meu, tinha de dividir o quarto com hóspedes indesejados, ao abrir a porta um batalhão de baratas correu pra dentro do colchão e uma tropa de ratos saiu pela janela (sim, esse quarto tinha janela!), minha expectativa de encontrar um lugar bom e barato começava a ir por água abaixo.
Depois de horas nessa jornada, consegui algo razoável, 12 dólares com banheiro comunitário, nunca fui tão feliz na minha vida, mas terei de economizar em outros aspectos, o mochileiro precisa manter seu orçamento ao redor de 10 dólares por dia, caso contrário vai a falência. Apesar de ser um bom lugar, continuo ouvindo tudo o que acontece no quarto do lado, não acho tomada pra recarregar meu IPod, resta botar o protetor auricular e ler um pouco pra conseguir dormir, em menos de 5 minutos eu entrava em coma por diversas horas.
Acordei já eram 7 horas da noite, uma fome que mordia meu estômago por dentro, saí em busca dos irlandeses e não foi difícil acha-los no "Mulligans", todos haviam passado o dia dormindo ao redor da piscina e tinham queimaduras nem um pouco confortáveis, brancos como todos irlandeses, pareciam muito como tomates levados ao forno, mais motivo para beber e dar risada.
Compramos comida e bebidas no supermercado e voltamos pro hotel deles, não foi difícil passar despercebido no meio de 14 irlandeses pela recepção, vi que as recepcionistas já não estavam agüentando mais tanto barulho e desistiram de pedir pra se comportarem, logo estávamos na piscina do hotel 4 estrelas com uma vista maravilhosa de Bangkok e a insanidade da Khoa San Road 15 andares abaixo, mais uma vez agradeci aos céus por ser tão abençoado em minhas viagens e fechei minha segunda noite em Bangkok sem dormir e com um shot de sangue de cobra. Ainda fico vários dias por aqui, e então rumo para "A Praia", ou melhor, para "As Praias", mas prometi a mim mesmo não ser tão irlandês nos próximos dias...
Ô coitado!!! :-D
ReplyDeletemeu amigo... goiãnia o espera sempre! de portas e braços abertos!
ReplyDeletebem, na segunda, dia 8, chego na europa: portugal, espanha, frança e itália. vamos nos encontrar? manda resposta urgente pro meu e-mail: rimeneamaral@gmail.com
e domingo, meu aniversário, faremos algo. venha comemorar comigo e voltamos juntos para o velho mundo... saudades de vc, amigo! grande abraço
Cris, que gostoso receber seu comentário e saber que você continua essa sua jornada de descobertas, rondando o mundo para se conhecer cada vez mais. Sobre a visita, vc tá é enrolado. Rimene e eu já fizemos altos planos pra sua vinda a Goiânia. É intimação. E, depois, você precisa conhecer minha pequena família... Beijo grande e saudadona de você!!!!
ReplyDeleteCris, quando puder passar lá no Escrevo Para Viver, procure a postagem "Prêmio Dardos". Tem uma surpresa para você lá.
ReplyDeleteBeijos,
Helena