Thursday, 17 June 2010

Inspiração


Já era hora de eu voltar a escrever para o que realmente meu blog é dedicado, viagens e experiências ao redor do mundo.

Apesar de escrever tanto à respeito de sentimentos, momentos e amizades, dificilmente conto sobre eu mesmo, e nesse momento da minha vida sinto essa necessidade, de dizer meus medos, anseios e vontades.

Meu tempo nessa minha morada em Londres está se esgotando, foram longos 3 anos de aventuras, estudos, bonança e dificuldades, logo mais parto daqui para talvez não mais voltar, quem sabe uma visita rápida daqui uns anos? De qualquer maneira vou para meu próximo destino: Ásia

Em poucos meses saio daqui em direção à minha casa, Brasil, porém vou pelo caminho mais longo, quero antes ver o que tem lá do outro lado do mundo e experimentar, não somente tirar fotos e provar comidas diferentes, preciso andar nessa terra batida e conversar numa língua que não entendo, quero me sentir uma criança de 5 anos que não sabe ler, escrever e poderá pouco se comunicar, preocupado com todo risco que existe num mundo novo, como quando somos crianças e temos medo de atravessar a rua, será assim pra mim daqui pouco tempo, já se imaginou atravessando a rua numa caótica Nova Delhi na India? Experimentando algo que você não consegue identificar numa feira no Vietnam? Entrando em águas límpidas que podem conter tubarões assassinos na Thailandia?

Isso tudo me faz querer ir, não é síndrome de Peter Pan, vontade de continuar criança, mas sim a vontade de crescer mais à partir de novas experiências que não temos acesso em nosso dia-a-dia no ocidente, mas nesse momento o meu medo é querer ir rápido demais, lembrando a todo momento que o destino final é minha casa, meu porto seguro, família e amigos. Preciso tirar essa ansiedade da minha cabeça e procurar viver os dias que virão, preciso criar a paciência dos idosos e a curiosidade das crianças para que essa fórmula funcione.


Apesar de minha vida aparentar ser toda sobre viagens, ledo engano. Muito do meu tempo é creditado em se preocupar com futuro, carreira, ambições e como inspirar as pessoas à sair do sofá, tarefa tão difícil. Quando as pessoas dizem querer ver o mundo por meus olhos, busco contar tudo pela metade mas com pontos chaves para instigar à ir com as próprias pernas, apesar de parecer impossível para quem tem sua família e contas no final do mês, existe sempre uma porta aberta para esse mundo que só depende de você atravessar e seguir andando.

Como dizia antes, minhas viagens podem ser um tanto épicas em proporções, mas são apenas algumas semanas ou no próximo destino, meses, mas o resto do tempo é trabalhando, estudando e tentando achar um balanço em não se tornar 100% viajante como muitos americanos que trabalham 2 anos para viajar 1 (nada errado com isso, questão de escolha e opinião), mas também quero não me tornar o cara do escritório que trabalha 12 horas por dia e leva trabalho pra casa no final de semana, sempre sonhando como seria a vida pescando em Bali.

Preciso sim atingir um nível de intelecto e profissionalismo que me permita escolher durante minha vida quando dispender esse tempo em determinada opção, não apenas por que entrei na corrida corporativa e agora tenho de manter meu status e estilo de vida, nesse exato momento descobri que o bem mais precioso na vida do homo sapiens desse século é o "tempo". Muitos de nós ao invés de pensar nos benefícios que teremos ao ter um tempo de férias, pensamos primeiramente em quanto deixaremos de ganhar ou quanto perderemos estando longe do trabalho descansando, e então ponderamos que precisamos pagar esse "preço" por que será saudável e teremos mais energia para continuar a corrida no resto do ano, soa familiar?

A fórmula que encontrei nesse meio tempo foi estudar primeiro, obter algo com que você possa barganhar, usar seu conhecimento para gerar renda, depois de botar alguns "skills" em sua bagagem, trabalhe duro para conseguir o dinheiro mas não o deixe subir a cabeça, não perca o foco, lembre se que é apenas um meio para se conseguir os fins, ache tempo para ler e se mantenha informado, veja seus amigos nem que seja uma vez por mês, e então você aprendera o valor da amizade, dará importância aquele único final de semana que conseguiu livre e depois, quando chegar ao seu objetivo financeiro, viva o que sonhou, mas não disperdice, aprenda o valor daquilo que suou para ter, e ache a simplicidade em tudo o que procura, na maioria das vezes a felicidade vem junto no pacote.

E então, recomece tudo de novo, mude a agenda, refaça o calendário, estude mais, dance mais, conheça mais gente, deixe as pessoas de cabelos em pé quando contar seus próximos planos, e o melhor de tudo, convença essas pessoas à ir com você :-)

Durante as próximas semanas vou procurar passar para o blog tudo o que ocorre na cabeça de alguém que está não só prestes à seguir viagem para longe e por mais tempo do que uma simples férias, mas também o que é voltar à casa, deixar a estabilidade de lado e começar novamente do zero, e nesse meio tempo vou tentar te convencer não só a sair do sofá, mas também a inspirar outros à fazer.o mesmo .Comece devagar, vá a praça e veja o tempo passar, pegue a família e vá ao interior, nem que seja para almoçar na praça da matriz, perca um tempo num museu qualquer, passe a tarde na biblioteca da cidade, convide velhos amigos à tomar um café, redescubra sua vizinhança andando por ruas que não fazem parte do seu trajeto, escolha um destino no mundo e pesquise à respeito na internet, veja mapas no Google, faça de contas que você vai amanhã, e depois me diga se essa pulga de viajar não te mordeu =)

Inspire-se

Friday, 4 June 2010

Sem notícias de deus


No dia em que me tornei um viajante sem fronteiras houve um pacto silêncioso, como a venda da alma ao demônio, te prometi de minhas andanças os cheiros, os aromas, os postais, as canções em língua nativa, os amores, os poemas de estrada, retratos, prometi lembrar me de ti em todos os instantes.

Em troca você me deu saudade, o envelhecer longe de casa, me devolveu crianças crescidas, tirou me velhos amores, levou pessoas queridas, arrancou me o aconchego, me deu botas usadas e calças surradas, também me angustiou pela falta de notícias.

Algumas vezes ao longo dessa vida perdi o rumo, naqueles dias em que mesmo a bússola se confunde e não tem certeza de seu norte.

Procurei algo para me agarrar como marinheiro em busca da corda na tempestade, por incontáveis vezes nos encolhemos e abraçamos uns aos outros na espera pelo amanhecer, esperançosos  pela luz do dia, renascer do sol e da vida alheia.

E então tudo valeu a pena. Cada passo dado me trouxe nessa direção.
A direção que me leva de volta à casa, mesmo que seja um longo caminho, demorado e sofrido, mas que você deixou claro ter sido o começo e agora também será o fim, fim de uma jornada perpétua, mas como todo pacto, não será por muito tempo e logo tudo recomeça, ali será meu pouso e logo mais volto à estrada, te mando carta, te prometo tudo de novo, mas dessa vez, se possível, mande notícias.


Tuesday, 1 June 2010

Paraíso astral

Costumam dizer por aí que só nos inspiramos na tristeza, na solidão e nos momentos dificeis da vida, discordo.
Apesar de não acharmos muito tempo para empunhar a caneta e escrever por que estamos muito ocupados sendo felizes, ainda assim existe a necessidade de expressão, a vontade de botar para fora toda aquela ansiedade e aquilo que nos come por dentro, mostrar ao mundo o que nos move e o que nos torna felizes nesse dado momento.

Muitos devem concordar que existem fases na vida, fases boas e ruins, seja chamado de inferno astral ou simplesmente sete anos de azar por ter quebrado um espelho no passado, mas não se fala muito do paraíso astral, talvez seja por que quando chega esse período não levamos tanto em consideração.

Pois eu parei de levar em consideração o inferno astral, já levei essa fase em longas jornadas da vida e ficar ali no canto reclamando não me ajudou de nada, fingir entusiasmo ou felicidade com goles de vodka muito menos, então a quietude e o "deixar passar" prevaleceram, como os ursos tive minhas épocas de hibernação, saí da sociedade, conduzi me a uma bolha gigante onde só haviam minha pessoa e consciência para debater, usei esses momentos para aprender, até mais sobre mim mesmo, ou mesmo só para me entreter.

E de repente fez se a luz.

O paraíso astral então me chega, o sol sai, as pessoas se aproximam, levo um tempo mas acabo por baixar a guarda e me deixar levar com as ondas de positivismo, com a claridade do dia e contra todos os argumentos, deixo tudo de lado e me paro à escrever, o ser peculiar que vive dentro de mim aposta no diferente, nem todas as melhores obras do mundo vieram de fenômenos deprimidos, apesar de não conseguir citar facilmente os felizes, acredito existirem aos montes.

Deixo claro que não me deprimo, tampouco meus escritos do passado foram obras da escuridão de minha alma, mas preciso ser honesto e afirmar não ser um super-herói, mesmo por que os super-heróis da atualidade são tão problemáticos quanto qualquer José Ninguem que conhecemos.

Nesse momento de meu paraíso sou obrigado a dizer que estou feliz, não necessariamente "obrigado" à dizer, mas preciso ser responsável em gritar aos sete ventos, em escrever que é possível sim parar por um breve instante e tentar definir a alegria de viver, precisamos ser pacientes em nossas vidas e aceitar o que nos é dado, seja como lição, seja como férias para nossos pés.

A vida é curta para aqueles que a amam, a vida é longa para aqueles que a odeiam, mais clichê impossível, porém vendo o caipira feliz com sua vida longa à ver o tempo passar me inspira à fazer o mesmo, deixe o stress de lado, esqueça um pouco das contas no final do mês, se leve menos à sério, sorria à toa e aproveite mais seu paraíso astral, não se esqueça de dizer à todos a sua volta, caso contrário parecerá que vivestes em um inferno continuo.

Have a nice day, because I am having a nice one :-)